O Legado de Júpiter - Análise sem spoilers

 


 A assim chamada Era de Ouro dos Quadrinhos teve seu começo em 1930, sendo marcada pelo surgimento dos primeiros super-heróis, dentre esses podemos citar tanto o surgimento do Superman e daquele que foi montado para ser sua contraparte,  o Batman, a quebra da bolsa em 1929 deu um novo papel aos heróis, e até mesmo as tirinhas em que eram publicados, pois se o que antes chamava a atenção eram as histórias de ficção em seus diferentes eixos, agora temos um país cansado, temos um país que precisa se recuperar, que precisa de símbolos. Símbolos que fizessem a população se inflar de orgulho esquecendo do resto dos seus problemas, os heróis que surgiram nesse período tinham que representar tudo que as pessoas mais queriam, mas que eram privadas de ter, eles eram uma propaganda constante do capitalismo e sua importãncia na sociedade, contribuindo para a afirmação do "American Way Life".

É utilizando-se desse cenário, com maestria, que Mark Millar em parceria com Frank Quitely, e Peter Dohert idealiza seus personagens, em mais uma criação para o seu Millarverso, na HQ o Legado de Júpiter, que foi  publicada pela primeira vez como minissérie em 2013. Tendo diversas influências da cultura pop, além de aspectos mitológicos - como a mitologia romana, e é claro a Era de Ouro das HQs.

Seguindo a mesma linha narrativa, a série nos apresenta um grupo de super-heróis envelhecidos qe formam a União, nome dado ao grupo, e tende a explorar a mudança de paradguimas, a evolução do tempo e a mundança de idealismo. Nesse sentido, Sheldon Sampson, o líder do super grupo vê na sua relação com seus filhos o impacto de seus dogmas em sua  família,  como a mesma realidade a qual ele  lutou na década de 1940 já não pode ser vista nos dias atuais. Paralelo a isso a série nos mostra uma segunda narrativa em 1929, nos contando mais sobre como o grupo ganhou seus poderes.

Porém, a série falha em sua estrutura, mesmo com as diferentes linhas narrativas. Ao abordar as mudanças através dos tempos, questionando o papel dos super seres, e como como suas decisões podem alavancar ou evitar tragédias, tudo soa artificial, tudo que vemos aqui é um argumento que não se completa, um debate que sempre falta um detalhe, assim temos apenas Sheldon,  o Utópico, repetindo todos os episódios o porque o código deve ser respeitado.

Aqui pelo menos, podemos dizer que o trio de heróis envelhecidos consegue passar com perfeição a ideia de super-heróis ideais,  cada gesto, cada ação até mesmo entre eles, nos mostram pessoas constantemente preocupadas com o impacto que podem ter, com o símbolo que são, algo que foi muito bem absorvido por essa parte do elenco.

Quando abordamos o elenco jovem, a segunda geração, a que veio para questionar, novamente só escutamos as mesmas perguntas e observamos como dito acima, a mesma falta de resposta. Some-se a isso, sequências de luta, que ao cotrário de outras obras baseadas no Millerverso tendem a ser mais viscerais, aqui são rápidas, a volta de apelo para violência se tona aqui uma característica que define a história,  mas não torna suas sequências de ação  melhores,  não,  vemos coreografias fracas com lutas mecânicas e golpes robotizados, os efeitos especiais não se sobressaem e em alguns momentos tornam cenas inteiras artificiais.

Se falarmos  da segunda linha narrativa, se passando em 1929, ela começa mais arrastada e sem sentido com o restante dos eventos, sendo inclusive repetitiva trazendo sempre o mesmo conflito de volta, como que reciclando cenas, mas é o bastante para nos fazer questionar o que vemos no presente e quando enfim se desenvolve, esta se torna mais interessante que aquela.

Portanto, o que podemos dizer a respeito do Legado de Júpiter, foi uma tentativa da Netflix em investir nas séries voltadas para o nincho de heróis como outras plataformas vem feito, existe um bom material em mãos, mas que precisa ser trabalhado e desenvolvido, pois muito mais poderia ter sido abordado se a história não se preocupasse com as voltas desnecessárias. 

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