Venom - Analisando os Simbiontes da Vida Real


Estamos de volta, de volta para mais um texto da coluna Ciência nas HQs ! Para o texto de hoje escolhemos um personagem muito conhecido, estando presente em dois filmes, com um terceiro filme já a caminho. Desde 2018 toda a sua mitologia foi reformulada, com acréscimos significativos que com certeza mudaram toda a forma como olhamos para a sua espécie. E mais do que tudo isso, ele possui uma história antiga e intensa com o nosso querido amigão da vizinhança, o O Espetacular Homem Aranha, então sem mais demoras vamos apresentar o personagem de hoje, o simbionte Venom.

Bom, acho que seria interessante começar apresentando esse personagem, bem como a mitologia que existe ao seu redor. Venom originalmente apareceu na mega-saga Guerras Secretas, quando o vilão Beyonder levou diversos heróis e vilões para o espaço, num mundo bélico, onde foram obrigados a batalhar entre si, mais precisamente vemos o Homem Aranha entrando em contato com uma mancha negra.

Peter entra em contato  com  essa mancha e ganha ali um novo uniforme, que ele usaria entre as  edições o Espetacular Homem-Aranha #282, de 1984 e O Espetacular Homem-Aranha #299, porém o Venom como o vilão que conhecemos surgiu apenas em 1988.  Enquanto estava trajando as vestes alienígenas, Peter Parker esteve no auge de suas formas físicas, tendo todas as suas habilidades ampliadas, mas ao mesmo tempo sua personalidade também foi sendo modificada aos poucos, para um comportamento mais agressivo, mais confiante, em suma sua essência como um todo estava mudando. 

Por muito tempo, o Venom ficou apenas como um ser que procurava hospedeiros, sendo o principal, mas não o único, Eddie Brock. Porém em 1995, em um arco conhecido como o Planeta dos Simbiontes um background começou a ser elaborado. A história nos apresenta uma raça alienígena, que se denominava Simbionte, que tinham como objetivo encontrar hospedeiros com o intuito de serem capazes de sentir emoções. E também uma revelação nos é feita, o Venom era considerado uma aberração, pois ao invés de dominar o seu hospedeiro, ele deseja se relacionar com os humanos, sendo menos agressivo do que o normal para a espécie.

Esse arco voltaria a ser abordado na #HQ 23 dos Guardiões da Galáxia, no qual um dos membros era o próprio Venom, o grupo para no Planeta dos Simbiontes e ali são apresentados a uma nova história em relação aos seres do planeta, A história explica que os simbiontes são uma raça alienígena chamada Klyntar, são defensores da paz e da justiça e quando combinados com hospedeiros de boa índole, são capazes de grandes feitos. Porém, se os simbiontes e o hospedeiros não são perfeitos, o klyntar pode adquirir vida própria, ser corrompido, se desconectar do coletivo e causar grandes monstruosidades.

Em 2018 o escritor Donny Cates assumiu a HQ do Venom e mudou tudo o que conhecíamos sobre os simbiontes. Ele remodelou toda a sua história, fomos apresentados a Knull um ser que existia antes mesmo do próprio universo existir. Quando os Celestiais surgiram criando os planetas, as espécies e a vida, eles trouxeram luz para onde antes havia apenas escuridão.

Knull usou o seu poder do abismo, abateu um dos Celestiais e então do corpo do Celestial acabou criando o primeiro simbionte: a Necroespada. Fala-se que o calor e o barulho da forja na criação dessa espada é a explicação para que alguns simbiontes até hoje tenham fraquezas perante o fogo e o barulho, são traumas herdados desse momento inicial. Após muito batalhar ele enfraqueceu e caiu em um planeta onde ficou preso. Usou o poder do abismo para criar os simbiontes como conhecemos hoje. 

A partir de então muitos simbiontes foram criados, um verdadeiro Planeta de Simbiontes. Uma gigantesca mente coletiva, com Knull no centro. Ele utilizou o seu poder para levar o caos e destruição pela galáxia, buscando ofuscar a luz e trazer de volta a escuridão. Após um enorme simbionte enfrentar o Thor, no passado da Terra, Knull perdeu a sua conexão com os simbiontes. Eles assumiram diversos hospedeiros diferentes, se envolveram, perderam a conexão com o coletivo e então se rebelaram contra o seu DeusE assim surgiram os Klyntar, porém o que sempre se imaginou ser o Planeta Klyntar, o Planeta Simbionte, nada mais é do que a maior horda de simbiontes do universo. 

Uau! Quem diria que aquela mancha negra seria a porta de entrada para um universo tão vasto, que décadas depois iria culminar em uma nova mega saga, como pudemos ver na saga King in Black. Mas, levante a mão aquele que nunca ficou curioso sobre essa simbiose que os Klyntar realizam, para isso nós aqui do Ciência nas HQs estamos interessados em trazer a verdadeira relação simbiontica, que somos capazes de observar no dia a dia.

A denominada simbiose também pode ser chamada de Mutualismo e consiste em uma interação ecológica interespecífica, ou seja, entre organismos de diferentes espécies, ocorrendo de forma obrigatória e harmoniosa, permitindo vantagens recíprocas para as espécies envolvidas. Quando as das espécies se associam, essa relação torna-se permanente, o que gera uma dependência indispensável à sobrevivência de ambas as partes, uma vez que o vinculo não pode mais ser desfeito, sendo o principal motivo o efeito que cada parte tem sobre o metabolismo do outro.

Podemos citar como exemplos de mutualismo na vida real os líquens, que são constituídos por algas clorofiladas e fungos que vivem em estreita associação, sendo que as algas, por meio da fotossíntese, sintetizam matéria orgânica que o fungo utiliza como alimento. Por sua vez, o fungo consegue reter umidade e nutrientes que a alga utiliza, além de conferir proteção à alga.

A anêmona do mar e o caranguejo paguro também estabelecem uma associação mutualística. Esse caranguejo tem o hábito de viver em conchas abandonadas de moluscos, e as anêmonas se instalam sobre essas conchas. Por ser provida de tentáculos cheios de substâncias urticantes, as anêmonas afugentam os predadores, conferindo uma maior proteção ao caranguejo, e a anêmona, por sua vez, que geralmente vive presa a rochas, pode expandir seu raio de ação alimentar, já que é levada para “passear” pelo caranguejo.

Se analisarmos bem, inicialmente o que o Venom buscava era uma relação com o Homem Aranha, porém à medida em que essa relação se desenvolvia ela ia se tornando parasitária, o benefícios estavam ali, mas o preço era alto, o homem-aranha se perderia, sua identidade iria embora, não existiria o eu, mas si o nós. Tal caminho também pode ser analisado por meio do meio ambiente, analisando outro tipo de relação simbiiótica, os parasitas.

Podemos citar aqui o fungo parasita Ophiocordyceps unilateralis. Quando um esporo desse fungo contamina uma formiga, ele passa de três a nove dias se desenvolvendo dentro dela. Quando pronto para completar seu ciclo de vida, o fungo manipula o inseto até ele se afastar da segurança de seu grupo, sem enxergar direito por onde vai, vagando como um zumbi. 

Acredita-se que a maneira como um fungo pode exercer esse efeito específico em um organismo tão mais complexo é porque espécies diferentes de Ophiocordyceps unilateralis evoluíram para combinar com os diferentes ciclos de vida de qualquer espécie de formiga hospedeira que eles usarem como vítima. É um impressionante exemplo de coevolução. O fungo provavelmente usa uma série de enzimas que alteram processos no corpo da formiga hospedeira. Essas enzimas podem mudar a expressão dos genes de uma maneira que influencie o comportamento das formigas.

Talvezz agora estejamos  amsi próximo dos comportamentos dos Klyntar, ele fortalecem seu  hospedeiro, tornam-o a melhor versão de si, mas também mexem com sua cabeça, te afaastam daquilo que você considera importante e te mantém preso a ele, claro que uma vez que os Klintar são seres individuais nem todos vão agir assim, mas é um comportamento que podemos esperar da grande maioria. E ai? O que acharam da nossa análise? Nos vemos no próximo texto.


Comentários