Gás do riso, do que será feito? A Química por trás de tudo.

Vamos começar nosso trabalho então, é muito comum o bombardeamento de informações por parte de diferentes mídias da cultura pop e como sabemos o que é real e o que não é? Termos científicos são usados o tempo todo, muitas vezes sem a menor consideração, por isso aqui vamos começar a elucidar essa questão e para tanto, que tal visitarmos um dos personagens mais famosos das histórias em quadrinhos junto com um de seus elementos mais marcantes?

Considerado o mais sádico e imprevisível inimigo do Homem-Morcego, o Coringa estreou pela primeira vez em 1940 na revista Batman 1. Seu nome verdadeiro é desconhecido, mas sabe-se que no passado ele usou a alcunha de Capuz Vermelho e em um confronto com o Batman, enquanto assaltava uma indústria de produtos químicos, ele caiu num tanque cheio de substâncias tóxicas, tendo sua pele e cabelo alterados, o que gerou um colapso nervoso quando se deu conta de sua nova aparência.

São vários os feitos do Coringa, o número de mortes atribuídos a ele nas HQs é incerto, mas é certo que chega na casa dos milhares, muitos são os métodos utilizados pelo palhaço do crime, dentre eles o mais famoso e conhecido o gás do riso, conhecido por levar a morte em poucos minutos, deixando um sorriso deformado no rosto das vitimas.

 

Fonte: https://www.fatosdesconhecidos.com.br/o-veneno-do-coringa-realmente-pode-existir/

Mas do que é feito esse gás? A fórmula passou setenta anos mantida em segredo, até que em 2010 na revista Detective Comics #867 foi revelado que o famoso gás do riso é uma combinação de estricnina (C₂₁H₂₂N₂O₂), cianeto (CN), metanfetamina (C₁₀H₁₅N), ecstasy (C₁₁H₁₅NO₂) e óxido nitroso (N₂O). Mas o que seria cada uma dessas coisas?

Fazendo um paralelo o óxido nitroso é conhecido popularmente como gás do riso, tal apelido vem da capacidade que  ele possui de provocar contrações musculares involuntárias na face das pessoas, dando a impressão de que ela está rindo. Sendo um agente inalátorio o óxido nitroso é sempre usado na forma gasosa e normalmente manuseado na forma líquida em cilindros de alta pressão ou tanques criogênicos, porém, vaporiza facilmente a baixas pressões. Sua maior aplicação é na área médica e tende a ser administrado juntamente com o oxigênio, possuindo um efeito analgésico e sedativo. Isso ocorre porque o gás age numa área do cérebro relacionada aos sentimentos, ele produz uma suave depressão que resulta num sentimento de euforia (COSTA; SARAIVA, 2002). 

 A estricnina é um alcalóide natural, ou seja uma substância de caráter básico, normalmente derivadas de plantas, obtida a partir das sementes secas de Strychnos nux-vomica (favo-de-santo-inácio ou noz-vomica), e de S. ignatiti uma árvore nativa da floresta tropical Asiática e Norte da Austrália. É uma substância venenosa que quando ingerida pode causar reações adversas como  convulsões violentas as quais podem ser desencadeada por estímulos físicos, visuais e até sonoro, rigidez extensora e muscular, opistótono, taquicardia, hipertermia, apneia e sendo raro o vômito. Sendo seguidas por ataxia e espasmos musculares que geralmente iniciam-se pelos músculos da face, disseminando-se para a musculatura dos membros, seguidos de convulsões, levando a morte, normalmente, por parada cardíaca (SCHMITT; ROSSATO, 2011).

 O cianeto pode ser encontrado em mandiocas, amêndoas amargas e folhas de cereja silvestre, todavia ele também esta presente no meio ambiente de tal maneira que humanos e animais estão constantemente expostos a ele, seja pelo ar, pela água, produtos de combustão, materiais de plástico e acrílico, fumaça de cigarro entre outros. A intoxicação por cianeto se dá por via mucosa, pela pele, ou por ingestão. A intoxicação por cianeto frequentemente é resultado da exposição em excesso ou prolongada as diferentes formas em que ele pode ser encontrado, os sintomas aparecem de forma rápida, nos primeiros minutos já é possível sentir as consequências iniciais, que incluem dor de cabeça, tonturas, taquicardia, falta de ar, vômitos, sendo seguidos por convulsões, pressão baixa, baixo ritmo cardíaco, perda de consciência e parada cardíaca (SALKOWISK; PENNEY, 1994).

 A metanfetamina é um estimulante cerebral cujo uso prolongado pode causar, entre outras complicações, ansiedade excessiva e transtornos de personalidade. É uma substância potente, que causa dependência extrema de maneira rápida e devastadora, gerando no usuário uma sensação forte de euforia que pode durar horas, mas a cada uso exige que ele consuma sempre mais. No organismo os efeitos são comparados ao crack, cocaína ou heroína: euforia repentina, sensação de alegria, hiperatividade, insônia, fala acelerada energia em demasia.  Outro efeito físico é a contração das artérias, o que reduz a oxigenação das células e afeta o aporte de nutrientes importantes. O aumento da pressão arterial e da frequência dos batimentos cardíacos (taquicardia) pode evoluir para arritmias cardíacas ou enfartes (HOSPITAL SANTA MÔNICA, 2020).

 Por fim, o último componente, o ecstasy, surgiu na década de 20 como um remédio para auxiliar no tratamento de obesidade, mas não apresentou resultados significativos, depois foi utilizado para tratamentos psiquiátricos por deixar a "mente leve", mas os efeitos adversos não contribuíram para sua utilização. Na década de 60 ele se tornou popular entre os jovens e isso durou até o ano de 1985 quando foi proibido no país. Dentre os principais efeitos da droga podemos citar a sua atuação cérebro, controlando hormônios como a dopamina e a serotonina, que quando combinadas provocavam agitação e euforia, deixando a pessoa mais sociável e alegre, essa combinação inclusive pode causar distorções da realidade entre outros efeitos (HOSPITAL SANTA MÔNICA, 2018).

Nossa, por todas essas descrições podemos perceber que nosso querido palhaço do crime realmente sabia o que estava fazendo quando criou o seu gás, mas que isso, podemos entender que ele possui um profundo conhecimento de Química, a ponto de não só saber os efeitos, mas também saber como misturar cada uma dessas substâncias e adquirir o efeito desejado. 

Esse primeiro texto, nos mostra como a ciência está difundida ao nosso redor, e que é possível retirar elementos de fontes como HQs e trabalhá-los dentro de sala de aula, apenas com os componentes do gás do riso seria possível falar de fórmulas químicas ou até mesmo de ligações covalentes, tudo depende do contexto em que estão inseridas as informações e como elas irão se relacionar com o seu objetivo dentro de sala. Portanto, me despeço aqui, mas nos vemos no próximo texto.

 

Referência

COSTA, Verônica Vieira da; SARAIVA, Renato Ângelo. Ação do Óxido Nitroso no Sistema Nervoso Central. Estudo Eletrofisiológico como Agente Único e como Agente Coadjuvante. Revista Brasileira de Anestesiologia, Brasília, Df, v. 52, n. 3, p. 255-271, jun. 2002.

HOSPITAL SANTA MÔNICA (São Paulo). Metanfetamina: tudo que você precisa saber sobre a droga. Disponível em: https://hospitalsantamonica.com.br/metanfetamina-tudo-que-voce-precisa-saber-sobre-a-droga/. Acesso em: 12 out. 2020.

HOSPITAL SANTA MÔNICA (São Paulo). O ecstasy e seus impactos sociais. Disponível em: https://hospitalsantamonica.com.br/o-ecstasy-e-seus-impactos-sociais/. Acesso em: 12 out. 2020.

SALKOWISK, A. A.; PENNEY, D. G. Cyanide poisoning in animals and humans: a review. Veterinary and Human Toxicology, v. 36, n. 5, p. 455-466, 1994.

SCHMITT, Cléderson Idênio; ROSSATO, Cristina Krauspenhar. INTOXICAÇÃO POR ESTRICNINA EM PEQUENOS ANIMAIS - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. In: XVI SEMINÁRIO INSTERISTUCIONAL DE PESQUISA E EXTENSÃO, 16., 2011, Santa Maria. Anais [...] . Santa Maria: Unicruz, 2011. p. 1-4.