Acho que o básico da história do Superman todos conhecemos, uma vez que ela já foi mostrada em diferentes mídias e adaptadas para outros personagens estando assim muito presente no imaginário popular, mas não custa lembrar um pouco os detalhes dessa história que em 1938 foi tão marcante. Tudo começa no planeta Krypton, um lugar com uma cultura muito avançada, mas que está condenado a ser iminentemente destruído. Antes que a destruíção completa ocorra, o cientista Jor-El e sua esposa Kara são capazes de colocar seu filho em uma nave para escapar do exermínio. O foguete eventualmente chega à Terra e cai no estado americano do Kansas, onde é encontrado pelos Kents.
Os Kents decidem manter o bebê e criá-lo como se fossem deles mesmos. Quando a criança, à qual deram o nome de Clark, cresce, eles percebem que o garoto possui alguns dons extraordinários, o transformando em algo especial. Com seu amor e orientação, os Kents moldam o código moral de Clark e ensinam-lhe que ele deve usar suas habilidades apenas para ajudar a humanidade. Quando Clark chega à idade adulta, ele se muda para Metrópolis, onde vive uma vida dupla. Em uma vida ele é o gentil Clark Kent, que trabalha como repórter no jornal Planeta Diário. No outro, ele é o Superman, onde usa suas fantásticas habilidades para fazer o bem no mundo.
A primeira vez que o Superman deu as caras foi na revista Action Comics #1, que marcava também a estreia da revista Action Comics, no desenvolvimento da história a origem do personagem é contada de forma simples e resumida, deixando apenas claro que ele era o sobrevivente de uma raça alienígena cujo mundo tinha sido destruído e que tinha sido criado por duas pessoas caridosas. Com o passar dos anos, maiores detalhes começaram a ser adicionados a sua história o que fez com que vários aspectos da mitologia do personagem fosse expandida, em alguns casos de forma meio descontrolada.
Bom falamos do personagem, e antes de continuarmos é necessário entendermos um pouco do contexto em que o personagem surgiu. As HQs de aventura estavam despontando, especialmente no pós-guerra seguindo duas correntes específicas: histórias humoristas e intelectuais, o que permitiu que vários aspectos presentes nas HQs começassem a ser explorados. Nesse momento as artes seguiam um estilo fortemente explorado pela arte deco, apresentando cenários elaborados, tendo grande foco no mobiliário, vestimentas e personagens.
Todas essas mudanças e evoluções nas HQs abriram caminho para a chamada idade de ouro, que começou na década de 1930, pois ela marca o estabelecimento das histórias de ficção científica, policial, de guerra, de cavalaria, faroeste, etc. Personagens como Tarzan, Tintin, e Popeye foram surgindo nesse período e influenciando em diferentes pontos da sociedade. Um exemplo são as histórias do marinheiro que só comia espinafre que alavancou as vendas dessa verdura em vários países.
Action Comics #1 vendeu mais de 100 mil exemplares na estreia e lançou o gênero dos super-heróis nos quadrinhos dos EUA - o gênero dominante até hoje. Custava 10 cents. Os raros exemplares da edição são comercializados atualmente por até US$ 2 milhões. Depois do sucesso inicial do Supermen, publicado pela primeira na modesta revista Art Comics, Jerry e Joe, ingenuamente e sem vislumbrar o potencial do personagem às vésperas da Segunda Guerra Mundial num mundo faminto por heróis, venderam os direitos autorais por apenas US$ 130. Enquanto editores, produtores e suas companhias, detentores dos direitos do super-herói, ficaram milionários, Jerry e Joe tiveram uma vida de grande dificuldade financeira, principalmente Shuster, que chegou a passar fome.
Na década de 1950 muitos heróis começaram a sofrer com fortes críticas e as histórias em quadrinhos passaram a não ser tão valorizadas quanto antes, histórias saturadas e enredos repetitivos marcaram esse período e o Superman não foi uma exceção, os tempos pediam uma mudança e isso ocorreu em 1956 quando o editor Mort Weisinger assume a revista, sendo o responsável pela criação de membros da chamada super família: Superboy, Krypto, Supergirl, entre outros. Esse período de mudanças que veio para todos os personagens publicados nesse perído, é conhecido como Era de Prata dos quadrinhos, e o Supermam então tem sua mitologia expandida com novos elementos modificando seu universo narrativo O pano de fundo do personagem foi alterado: os Kent, que já haviam sido inseridos como pais adotivos em 1940, ganharam maior definição como personagens secundárias ao participar efetivamente das aventuras do Superboy. Também surge nessa época os vilões Brainiac e Bizarro.
A Era de Prata durou até o início da década de 1970, dando lugar ao novo público que mais uma vez exigia uma modernização das histórias em quadrinhos. O pesquisador Arnold T. Blumberg acredita que a transição entre os dois períodos foi gradual, se estendendo desde o final da década de 1960 até 1973, quando foi publicada pela Marvel Comics a história The Night Gwen Stacy Died (À noite em que Gwen Stacy morreu), o ápice de um ideal que vários profissionais vinham defendendo naquele período de transição: abordar temas mais maduros, ainda que estes estivessem sendo "filtrados" pela "lente simplista dos super-heróis.
Nessa transição, um evento da história de Superman é citado como um possível marco para o início da Era de Bronze: a aposentadoria de Mort Weisinger. Weisinger fora o editor das revistas do personagem por anos, durante a Era de Prata e seria eventualmente substituído por Julius Schwartz. Para Levi Trindade, a Era de Bronze manteve muitas das convenções comumente associadas à Era de Prata, com super-heróis trajando uniformes extremamente coloridos porém, roteiros contendo elementos mais sombrios e narrativas maduras começaram a surgir", e Must There Be a Superman? (Deve haver um Superman?), uma história de 1972, seria um exemplo desse amadurecimento. Agora os quadrinhos dialogavam com a sociedade, e esse amadurecimento permitiu a entrada de novos escritores que ajudaram a construir essa nova visão das histórias.
Na década de 1980, o multiverso estabelecido na Era de Prata acabaria se revelando um conceito excessivamente confuso: inúmeros universos paralelos além dos dois iniciais foram surgindo nos anos seguintes, confundindo e afastando leitores. Frente esta situação, a DC Comics decidiu que era preciso unificar todas as suas publicações sob um único universo coeso e compartilhado. Mas, para poder renovar os personagens, era preciso encerrar tudo que vinha sendo publicado. Aproveitando que 1985 marcaria o 50º aniversário da editora, decidiu-se pelo lançamento de Crise nas Infinitas Terras, uma minissérie em 12 edições que causaria a destruição de todas as "terras paralelas", encerrando a continuidade e estabelecendo uma nova, revitalizada história ao mesmo tempo em relançava todo o universo de personagens da DC Comics. É a partir desse ponto que começou o trabalho de John Byrne com o personagem, escrevendo e ilustrando quase uma centena de histórias entre 1986 e 1988.
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