Filme
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No meu coração
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Para todos aqueles que cresceram com o prazer de montar fichas, reclamar dos dados e seus resultados, teorizar e se surpreender com os diferentes caminhos que a campanha acaba tomando, imaginar uma adaptação cinematográfica de D&D é uma coisa mágica e ao mesmo tempo preocupante. Será que é possível trazer tantos elementos que fazem parte do jogo, que fazem parte do imaginário daqueles que nutrem tanto apreço pelo sistema de maneira crível para as telonas? Essa é a pergunta que tentamos responder aqui nessa crítica.
Antes de mais nada, podemos começar explicando um pouco mais da estrutura do jogo e quais são seus elementos mais marcantes, Dungeons & Dragons o popular D&D é um jogo de RPG de mesa, lançado em 1970 nos Estados Unidos se caracteriza por ser um jogo de interpretação, que funciona de modo cooperativo sendo estruturado em cima de regras. Cada jogador cria seu personagens, com o passado que mais lhe convém e interpreta um papel dentro da sequência de histórias propostas por um narrador.
O uso de dados, fichas, tabelas, regras, servem como um modo de guiar a livre imaginação dos jogadores, que podem explorar mundos distantes nas mais diversas paisagens, enfrentando os maiores desafios possíveis, desde pequenos goblins a incríveis dragões, sendo o único limite a capacidade de imaginar que pontua cada pessoa presente na mesa.
Algumas adaptações já foram feitas no passado, sendo a mais popular delas a animação Caverna do Dragão, além de um conjunto de filmes feitos no início dos anos 2000, mas com exceção desses momentos o RPG acabou sendo relegado a um grupo mais ninchado e um pouco longe dos holofotes, porém com o passar dos anos uma série de produções começaram a trazer referências ao jogo, trazendo elementos, servindo para trazer uma nova febre de jogadores de RPG, dessa vez entre os jovens, podemos citar aqui dois exemplos: Big Bang Theory e a mais recente Strang Things.
Depois de toda essa volta, podemos começar a falar do filme em si e sua qualidade, em Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes, o bardo Edgin (Chris Pine), embarca em uma missão para resgatar uma relíquia mágica, capaz de ressuscitar sua esposa e recuperar a confiança de sua filha Kira (Chloe Coleman). O homem se une a um improvável bando de aventureiros, e juntos eles se arriscam entre os lugares mais perigosos e misteriosos desse universo, dispostos a combater o mal e a derrotar as mais terríveis criaturas que surgem em seus caminhos. Mas as coisas podem sair perigosamente erradas. Entre os desafios, eles precisarão enfrentar o exército de Forge (Hugh Grant), a feiticeira Sofina (Daisy Head), além de Holga (Michelle Rodriguez), Doric (Sophia Lillis), Xenk (Regé-Jean Page) e o mago Simon (Justice Smith).
Uma vez definida a história desse filme o primeiro aspecto que precisamos analisar é a montagem, entender se sua proposta funciona e se desenvolve de maneira satisfatória para além das várias referências que nos são apresentadas em tela. E nesse sentido o filme não consegue ser brilhante, sendo apenas eficiente, ele nos trás uma história simples, com uma sucessão de acontecimentos que seguem uma cartilha já definida, que se repete de maneira cíclica.
Um exemplo para esse fenômeno é a forma como os personagens são apresentados, é comum termos a diferenciação dos personagens em classes e raças, de onde vemos as características únicas e as funções em combates de todos eles dentro do grupo, funcionando de maneira coletiva. Porém, a maneira como o filme escolhe apresentar os personagens é única e repetitiva, cada classe e raça é apresentada em um combate individual para deixar claro suas habilidades para momentos seguintes na história, de forma que até o final do filme não chegamos a ver o grupo funcionando como um todo.
Outro fator que pesa é a própria escolha da história que nos remete a uma one shot, histórias curtas e simples, feitas para serem realizadas em um única sessão, e é justamente disso que se trata o filme, mas assim como sua montagem a história escolhida é só eficiente, só sendo o bastante para nos apresentar esse mundo, mas sem ser marcante, sendo facilmente esquecida logo em seguida.
As doses de humor do personagem de Cris Pine também é um fator que precisa ser considerado, por muitos momentos o timimg cômico se perde na quantidade seguida de piadas e momentos desperdiçados tentando fazer graça com todos os acontecimentos da trama. Mas o filme não tem só defeitos, a ambientação aqui feita é mágica, nos permite ver em primeira mão cenários que apenas ficavam na imaginação.
Todas as cidades, os figurinos, as representações das raças estão ali, são boas o bastante para nos encantar, nos fazermos sentir parte daquele mundo, apesar de repetitivas as cenas de ação contam com boas coreografias nos envolvendo e empolgando, criando uma sensação de torcida para que enfim vejamos o grupo todo agindo em conjunto. Ao final de tudo podemos definir Dungeons &Dragons como um bom filme, e apenas isso, incrível para os amantes de RPG, que pode sim evoluir e se tornar uma sequência muito melhor ao longo dos anos, contribuindo para que cada vez mais pessoas venham a participar desse mundo tão mágico e incrível.
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