Turma da Mônica: Laços

 


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"Para um cão, você não precisa de carrões, de grandes casas ou roupas de marca. Símbolos de status não significavam nada para ele. Um pedaço de madeira já está ótimo. Um cachorro não se importa se você é rico ou pobre, inteligente ou idiota, esperto ou burro. Um cão não julga os outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Dê seu coração a ele, e ele lhe dará o dele."

Aqui estamos de novo, prontos para mais uma resenha? Seguindo a linha determinada pelo último texto avançamos para a segunda Graphic Novel lançada dentro do projeto MSP Graphic, o primeiro a trabalhar o famoso grupo de crianças criado por Mauricio de Sousa que é também sua maior marca e criação, sendo todos os personagens originais das suas primeiras tirinhas de jornal publicadas em no período de 1963 a 1970, com características muito bem definidas que se consolidaram ao longo das décadas.

Obviamente, um grande desafio para qualquer um que viesse a assumir esse titulo, como trazer algo inovador e ao mesmo tempo respeitar as características originais de cada um que já são tão marcantes e presentes no imaginário? É possível dizer que os irmãos Victor e Lu Cafaggi conseguiram fazer isso, com uma história surpreendentemente simples, mas ao mesmo tempo tocante, por se concentrar em um detalhe único, o valor da amizade, seja ela entre dois garotos, duas garotas, garotos e garotas ou mesmo um garoto com seu cachorro.

Aqui vale também ressaltar não apenas a arte dos personagens mais jovens, feita por Lu Cafaggi como todo o trabalho de cores do próprio Vitor Cafaggi e de Priscila Tramontano, que compõem painéis únicos já nas primeiras páginas, com os desenhos lembrando pinturas feitas com giz de cera, sem a presença dos quadros tradicionais dividindo as imagens, montando assim uma belissima sequência de abertura, que necessita de muito poucas falas para nos fazer entender o cerne da história.

Saindo das lembranças Vitor Cafaggi constrói o bairro do Limoiro de forma viva, seus traços dão aos personagens uma aparência única, e com grande mérito eles conseguem nos apresentar muitos outros personagens que englobam esse pequeno universo, mesmo que eles não sejam relevantes para a história cria-se a ideia de um mundo vivo, e assim as ações do nosso grupo principal não aparece deslocada do restante. A forma dinâmica como cada uma dessas apresentações é feita, já responde uma das grandes perguntas em relação a essa história,  no fundo nós estamos vendo os mesmo personagens que por tanto tempo nos encantaram, eles apenas usam uma roupagem diferente.

Vale destacar a escolha de cores para apresentar cada local os cenários vão mudando e as cores acompanham essas mudanças, como um representação da própria apreensão dos garotos à medida em que eles avançam em sua busca, cores escuras, sombras ocupando a paisagem passam a tomar conta do ambiente, num desenvolvimento em que em certos quadros são preenchidos apenas pela nossa turminha, enquanto tudo ao redor se mantém escuro, um ambiente desconhecido e não explorado.


Toda essa harmonização da arte, das cores, não estaria completa se o roteiro não estivesse em sintonia, seguindo um  tom de aventura como aquelas que apreciamos tanto em filmes como os Goonies vemos aqui um grupo de amigos que mantém uma rotina já conhecida por todos ao redor deles, de brigas e perseguições, seguida por uma reconciliação apenas para tudo se repetir no dia seguinte. Mas dessa vez uma quebra ocorre nesse ciclo onde todos desempenham um papel, quando Floquinho desaparece, Cebolinha pela primeira vez entender a dor de perder um amigo, o medo e o receio, mesmo que isso não seja expresso em palavras a construção das cenas é muito eficiente quando se trata de mostrar os pensamentos das crianças sem a necessidade de frases.

E ali então nossa história começa, como eu disse no início do texto estamos diante de uma história de amizade, a forma como todos se reúnem para procurar pelo cachorro desaparecido, os momentos que são compartilhados com sorrisos, brigas, cumplicidade,  terminando até mesmo numa belíssima cena dos quatro reunidos a fogueira contando histórias. A história flerta sempre com o aventura, que para crianças de sete anos torna uma ida ao parque uma expedição épica, com o terror e os medos do desconhecido, e mais do que  tudo de união.

Assim, posso dizer que Turma da Mônica: Laços é uma obra que deve ser apreciada em todos os aspectos, pois mesmo com o roteiro  mais simples ele é eficiente em criar uma atmosfera acolhedora em que nos sentimos como parte da história, choramos as dores dos personagens e ficamos felizes com seus sucessos. Isso é claro sem falar da arte muito bem desenvolvida que nos conduz quadro a quadro sem nunca ser cansativa tal é a sua fluidez. Portanto, muito bem recomendada essa história e para todos que se interessaram,  basta entrar no link abaixo. 


  • Editora : Panini; 1ª edição (24 setembro 2018)
  • Idioma: : Português
  • Capa dura : 96 páginas
  • ISBN-10 : 9788565484572
  • ISBN-13 : 978-8565484572
  • Dimensões : 28 x 19.2 x 0.4 cm

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