A Piada Mortal

 


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Não é preciso ser louco para trabalhar aqui... Mas isso ajuda

 Lançada em Março de 1988 A Piada Mortal é um dos maiores clássicos dentre as histórias do homem-morcego, escrita por ninguém menos que Alan Moore, com ilustrações de Brian Bolland e coloração de John Higgins, com cada um deles merecendo aplausos pelos trabalhos individuais que compõem o todo. Publicada originalmente como uma novel cujos eventos seriam independente das revistas mensais do personagem.

Começando a análise da obra primeiro temos que prestar atenção nas cores e como elas ditam todo o tom da história, o início da história diz muito a respeito disso, com as ilustrações e as cores em perfeita sintonia para transmitir a opressão que ronda a todo momento os personagens. A chegada do Batman ao asilo Arkham é retratada em vários quadros, todos eles sempre destacando o ambiente ao redor, escuro, vazio, com a chuva caindo sem cessar.

Ali somos capturados pela aura da história seguindo os movimentos do Batman sempre em um silêncio sepulcral, tendo como o único foco de cor mais viva o comissário Gordom e por um instante a secretária do hospício, onde vemos então o  primeiro detalhe que nos alerta sobre o que está por vir, a pequena placa com a citação: "Não é preciso ser louco para trabalhar aqui... Mas isso ajuda".


Com o cenário narrativo montado por Bolland e Higgins, Alan Moore tem espaço para brilhar, após quadros em silêncio somos tomados por um monólogo diálogo que captura a verdadeira essência daquilo que a história se propõem a contar, nos mostrando aqui um Batman pesarosos que teme o desfecho de suas ações e embates com o Coringa, que não consegue ver um final para o ciclo de ódio em que os dois se encontram e percebe o quanto isso está afundando os dois.

Portanto, quando temos a revelação sobre a fuga do coringa, somos imediatamente transportados para outro cenário, que aqui ganha a mesma composição do Arkham, mas consegue ser mais macabro em sua essência, que é transmitida pelas cores escuras em que o desenho acompanha e dita esse tom. Primeiro o vemos de costas, com a roupa tradicional, o terno roxo e os cabelos verdes com a pele esbranquiçada, mas uma mudança que foi muito bem transposta para a história são os olhos, ali conseguimos sentir toda a loucura que assola o personagem que se encontra em de seus momentos mais insanos.

Tendo todas as suas peças apresentadas, Moore nos surpreende mais uma vez ao nos trazer o que seria um possível passado, uma origem para o palhaço do crime, que até aquele momento nunca tinha sido pensada de forma oficial e assim a obra se desenvolve em uma verdadeira ode a loucura.  

Um dia ruim... Basta apenas um único dia ruim para que tudo mude, para que até mesmo o mais comum dos homens sucumba a loucura, que ele se perca tentando fugir da realidade e assim a loucura se torna a única fuga, a única saída, e assim você se torna capaz de ressignificar a própria realidade. A sutileza com que Moore vai nos apresentando essa mudança no verdadeiro protagonista da história, contando seu passado e como ele se afunda cada vez mais tentando manter sua família longe da miséria é  feita com maestria, tudo isso no uso certeiro de tons de amarelo, preto, cinza, um outro mundo vai sendo criado e vemos uma Gotham suja e perigosa, mas que é diferente da forma como ela se apresenta normalmente.

Em seu clímax Moore dá a história um ar trágico, somos a todo o instante preparados para a tragédia que parece se anunciar, mesmo assim nunca sabemos como ela vai ocorrer até que de fato ela ocorra. A partir desse ponto toda a cadeia de eventos começa a rolar e percebemos que não há controle, que nem mesmo o Batman em sua pose opulenta foi capaz de prever o que aconteceu e o que falta acontecer, ele apenas espera que não seja tarde demais.

 

E assim, chegamos ao grande final, ali em monólogos feitos pelo palhaço do crime e por uma repetição do mesmo monólogo apresentado no início da história, feito de forma interna pelo homem-morcego, percebemos as semelhanças entre eles, pois o que seria o Batman se não uma pessoa que teve um dia ruim e por isso se tornou o que é? O confronto das ideias e dos ideais entre os dois personagens culmina em um último diálogo franco que termina em risos e um final dubio, mesmo que macabro.

A Piada Mortal é uma HQ que merece toda a admiração e prestígio que adquiriu ao longo dos anos, pois a forma como seus personagens são trabalhados a torna atemporal, especialmente pela forma como é  tratado o verdadeiro protagonista da história, dando uma dimensão muito maior aos seus atos e as consequências deles. Como sempre para todos aqueles que se interessarem pela obra, o link está logo abaixo e deixem nos comentários a opinião de vocês, o que realmente aconteceu ao final da história?



  • Editora : Panini (13 outubro 2019)
    • Idioma: : Português
    • Capa dura : 80 páginas
    • ISBN-10 : 8573515473
    • ISBN-13 : 978-8573515473
    • Dimensões : 26.6 x 17.4 x 1 cm

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