Hera Venenosa e seus Feromônios do Amor, entendendo um pouco mais



Passamos muito tempo vendo vários detalhes de personagens relacionados a mitologia do Batman e até trouxemos um texto especial contando a história do homem morcego com o passar dos anos, existem muitas coisas que ainda podemos abordar nesse universo, mas por enquanto daremos uma pausa para analisarmos outros mundos e outros personagens e para tanto selecionei uma personagem bem icônica para finalizarmos esse momento Gotham. Assim vamos conhecer um pouco mais sobre a Hera Venenosa.

Então, comecemos pelo básico. Pamela Lilian Isley era uma tímida assistente de laboratório que trabalhava para o botânico Jason Woodrue e que acabou sendo usada em diversos experimentos conduzidos pelo cientista, que mais tarde revelou ser o vilão Homem-Florônico. Como resultado dos experimentos o metabolismo de Pamela foi alterado, dando a ela resistência sobre toxinas, controle sobre plantas e o poder de gerar feromônios irresistíveis. A personagem estreou em 1966 na revista Batman 181 em que empregava seus poderes em prol de experimentos insanos, semelhantes aos que foram feitos com ela, e do ecoterrorismo defendendo a fauna e flora do planeta. Sob o codinome de Hera Venenosa ela usou plantas venenosas e monstros vegetais como armas, mas também possui a capacidade de induzir as pessoas ao seu controle, além de um beijo letal - carregado de veneno.

Em suas primeiras aparições a personagem não teve muito de sua origem explorada, suas características mais marcantes estavam relacionadas a sua aparência, uma vez que Robert Kanigher se inspirou na modelo norte-americana Bettie Page para montar o visual da personagem, dando-lhe o mesmo corte de cabelo e sotaque sulista, além de utilizar um traje em peça única, sem alças, biquíni verde coberto com folhas. Esse visual foi sendo alterado à medida em que a personagem foi aparecendo nos anos seguintes.

O surgimento da Hera Venenosa bate com a ascensão do movimento feminista e trouxe a necessidade de que personagens femininas surgissem nas histórias em papéis de maior destaque do que como pares românticos. Assim, a vilã entrou como uma substituta da Mulher Gato, que estava sendo utilizada como par romântico do morcego nas histórias e na série televisiva que surgiu naquele ano, e se destacou como uma das primeiras super vilãs na HQ do morcego, sua importância foi tanta que influenciou no surgimento da Batgirl, cuja personagem foi criada no ano seguinte.

Acho que podemos concordar que a Hera é uma personagem antiga e de fundamental importância para as HQs do Batman e que hoje vem sendo utilizadas em outros títulos como Esquadrão Suicida e em parcerias com a Arlequina, além de autores como Neil Gaiman terem trabalhado na personagem dando a ela cada vez mais camadas. E agora vamos discutir a respeito de um dos pontos principais da personagem, os famosos feromônios do amor usados para controlar as pessoas a seu prazer. Vamos tentar entender melhor como funciona essa habilidade tão peculiar.

Não faltam exemplos do uso de feromônios no reino animal e nesse sentido podemos destacar os insetos, que exercem suas relações ecológicas com o ambiente e com outros organismos por meio de compostos químicos, cuja principal função é a comunicação, que agem no receptor como gatilhos fisiológicos para reações e comportamentos específicos. A emissão e detecção desses compostos são utilizados pelos insetos para encontrar parceiros para acasalar, alimentos ou presas, locais de oviposição, e até mesmo se defender contra predadores ou organizar suas comunidades, como acontece com insetos sociais (ZARBIN; RODRIGUES; LIMA, 2009). 

Podemos entender então que esses compostos atuam como sinais químicos, e esses sinais podem receber classificações diferentes dependendo dos envolvidos, assim se o emissor e receptor são da mesma espécie esse sinal passa a ser chamado de feromônio. Entre os insetos, os diferentes tipos de feromônios podem ser reconhecidos pela forma como o receptor reage a mensagem. Assim, eles podem ser divididos em feromônios sexuais, de agregação, demarcação, além de uma variedade de feromônios que são utilizados para relações sociais, como dito anteriormente (ZARBIN; RODRIGUES; LIMA, 2009).

Neurocientistas defendem que seres humanos também têm seu comportamento influenciado pela presença de feromônios, o interesse de um homem por uma determinada mulher em meio a muitas outras é um exemplo, a alteração do ciclo menstrual de mulheres quando convivem por muito tempo (forma de competição de fêmeas pelo macho, uma vez que, durante algumas etapas do ciclo menstrual, a mulher desperta no homem maior interesse) são exemplos de comportamentos influenciados por feromônios (KÜNSCH, 2014).

Os feromônios estão presentes em várias secreções corporais de mamíferos, tais como suor e urina. Acredita-se que os feromônios humanos podem estar presentes na pele humana uma vez que são secretados por glândulas sudoríparas. Eles são percebidos pelo órgão vomeronasal, um órgão auxiliar do olfato localizado no osso vômer (que fica entre o nariz e a boca), que possui neurônios capazes de distinguir as substâncias químicas, como por exemplo, os feromônios. Quando o órgão vomeronasal capta as substâncias químicas, ele envia uma mensagem ao hipotálamo (localizado no nosso cérebro), e segundo alguns cientistas, gera respostas físicas e emocionais no indivíduo (KÜNSCH, 2014).

Podemos perceber então que a manipulação da dos feromônios pela Hera Venenosa é uma arma muito poderosa, uma vez que são respostas a estímulos inconscientes gerando o efeito que vemos nos quadrinhos, assim como podemos entender melhor como funciona até mesmo a atração que sentimos pelos outros. Espero que tenham gostado e nos vemos no próximo texto.


Referências

KÜNSCH, Daniela. Como funcionam os feromônios. 2014. Disponível em: https://www.folhavitoria.com.br/entretenimento/blogs/sexo-e-prazer/2014/04/17/como-funcionam-os-feromonios/. Acesso em: 03 nov. 2020.

ZARBIN, Paulo H. G.; RODRIGUES, Mauro A. C. M.; LIMA, Eraldo R.. Feromônios de insetos: tecnologia e desafios para uma agricultura competitiva no brasil. Química Nova, [S.L.], v. 32, n. 3, p. 722-731, 2009. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0100-40422009000300016.

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