Bane, tentando entender melhor o Veneno

 


Aqui estamos de novo, de volta a cidade de Gotham, para nossa análise hoje escolhemos um dos maiores vilões desse universo do homem-morcego, mesmo tendo sido criado a pouco tempo, comparado com outros inimigos, ele protagonizou alguns dos melhores arcos nas histórias do personagem, sendo conhecido como aquele que conseguiu quebrar o morcego, de maneira literal ao quebrar a coluna do Batman em combate, uma característica marcante é a sua  máscara com mangueiras conectadas na parte de trás da sua cabeça e o uso de uma droga anabolizante conhecida como veneno. Acho que já esta claro de quem estamos falando, de ninguém menos do que Bane.

Para entendermos melhor esse personagem, vamos começar pelo início, o personagem foi criado por Chuck Dixon, Doug Moench e Graham Nolan aparecendo pela  primeira vez  na revista Batman: Vengeance of Bane #1 em Agosto de 1992. Suas características mais marcantes são justamente sua força bruta e a inteligência excepcional, o que o caracteriza como sendo um dos poucos vilões que consegue desafiar o  Batman tanto em nível físico como mental.

Bane nasceu em 15 de Setembro de 1977,  na prisão de Pietra Dura, localizada na ilha de Santa Prisca, localizada no Caribe. Ele era filho do de um criminoso conhecido como o Rei Cobra, que morreu antes de cumprir sua pena, e segundo a leis da região, os filhos devem cumprir a pena dos pais, assim ele nasceu na prisão tendo que cumprir prisão perpétua.  Durante sua infância ele foi criado e ensinado pelos prisioneiros, assim como também era alvo de ataques violentos por parte de todos, com 8 anos de idade ele cometeu seu primeiro assassinato, matando um preso que queria usá-lo para conseguir favores.

Durante o seu período preso, Bane conseguiu aperfeiçoar suas habilidades, aprendeu a ler  em diferentes línguas, fato que realça sua inteligência fora da curva, além de usado o ginásio do lugar para treinar seu corpo e aprender a lutar para se proteger dos demais prisioneiros. Um fator que o tornou temido na prisão foi o fato  de ter passado 10 anos na solitária e conseguir sair de lá  com suas faculdades mentais completamente sãs. Após, um desentendimento com outro prisioneiro, Bane sofreu um acidente que o fez ficar em coma, ali ele visões sobre seu  futuro e viu imagens do futuro, em que um guardião vestido de morcego o atrapalhava de conquistar seus objetivos.

Quando acordou, sua resistência chamou a atenção dos administradores e médicos do presídio, assim ele foi selecionado para ser cobaia em um projeto em que uma droga misteriosa era administrada em seu corpo, conhecida como Veneno, a qual tinha matado todas as cobaias anteriores. Bane sobrevive aos experimentos, tendo sua força física aumentada a níveis sobre-humanos, mas que causava uma dependência em que a cada 12 horas ele precisava tomar uma nova dose, por meio de um sistema de tubos ligados a sua cabeça, bombeando a droga diretamente para o cérebro, correndo o risco de sofrer reações drásticas em caso de abstinência. Apesar de ter sobrevivo a dose, Bane fingiu a própria morte para poder escapar da prisão, uma vez que as cobaias fracassadas eram arremessadas ao mar. Uma vez livre, ele recriou a fórmula do  veneno e rumou para Gotham convencido de que o morcego de suas visões era o Batman.

E aqui nós voltamos para nossa análise, ao contrário de alguns elementos dos quadrinhos, a fórmula do Veneno nunca foi revelada, mas é possível entender um pouco sobre seu funcionamento, uma vez que ele pode ser classificado como um neo-esteróide, portanto, torna-se possível estudar seus efeitos comparando-o com esteroides. Então eu trago uma pergunta aqui, do que são feitos os esteróides? Como eles funcionam?  Esse entendimento talvez nos ajude a entender os efeitos que o Veneno causa no corpo do Bane.

Os esteróides podem ser classificados em androgênicos e corticóides, normalmente aqueles utilizados de maneira incorreta são os androgênicos, esteróides que agem como testosterona. Os esteróides corticóides normalmente são usados para tratamentos de problemas inflamatórios (prednisolona, cortisona, beclometasona, budesonide, dexametasona e vários outros) e não têm efeitos anabólicos. Os esteróides androgênicos, secretados pelos testículos, são hormônios sexuais masculinos que incluem a testosterona, a diidrotestosterona e a androstenediona.

A testosterona foi utilizada pela primeira vez como esteróide, na forma sintética, na 2º Grande Guerra pelos soldados alemãs para aumentar a agressividade em campo de batalha. Até esta época, o uso terapêutico, era exclusivo para o tratamento de pacientes queimados, deprimidos ou em recuperação de grandes cirurgias. Nos anos 50, foi utilizada de forma oral e injetável no tratamento de determinados tipos de anemia, em doenças com perda muscular, e para tratar atrofia muscular secundária.

Dentre os efeitos anabólicos, destaca-se o aumento da massa muscular, cujos mecanismos anabólicos desencadeados incluem um aumento da síntese protéica via RNA mensageiro, balanço nitrogenado positivo, inibição dos efeitos catabólicos na massa muscular esquelética, estimulação da formação de osso, inibição do catabolismo protéico e estímulo da eritropoiese. Os efeitos anabólicos ocasionam retenção de nitrogênio, um constituinte básico da proteína, promovendo assim crescimento e desenvolvimento de massa muscular através da uma melhor utilização da proteína ingerida. Esse é um fenômeno temporário devido aos mecanismos homeostáticos do organismo.

Valer ressaltar, que o  uso desse esteróide apresenta  um sintoma muito frequente, que seria a agressividade, em que estudos implicam  em mais de um caso em  que usuários cometeram crimes, inclusive assassinatos. Porém, não é possível ter certeza se há maior agressividade em indivíduos que utilizam anabolizantes causando esse comportamento, ou se esta  ligado ao consumo de outras drogas associadas, mas sabe-se que o comportamento de usuários desse anabolizante apresentam atitudes imprudentes, podendo causar sintomas de hipomania e às vezes sintomas psicóticos. E por outro lado, a interrupção determina uma síndrome de abstinência caracterizada por sintomas adrenérgicos e craving, podendo, além disso, causar depressão maior.

No geral, os efeitos psicológicos causados pelos esteroides androgênicos em três subdivisões. Na primeira enquadram-se os efeitos imediatos do mau uso: aumento da confiança, da energia e da auto-estima, acompanhados por um maior entusiasmo e motivação, além de insônia, menor fadiga, habilidade para treinar com dor, irritação, raiva e agitação, ou seja, estes efeitos estão ligados a mudanças de humor e euforia. Na segunda categoria, correspondente ao uso prolongado com doses exageradas, observa-se perda de inibição, com alterações ainda mais acentuadas do humor. Na terceira categoria, os efeitos tornam-se mais graves por haverem evoluído de sentimentos de agressividade para comportamentos violentos, hostis e anti-sociais. Homicídio, suicídio e abuso infantil são algumas consequências destes acessos de fúria. 

Analisando todos esses fatos, podemos entender algumas nuances do comportamento do Bane, e como o uso constante do Veneno, que nada mais é que um anabolizante reforçado, alterando todos os aspectos do corpo dele, mas também deixando-o dependente da substância, sendo uma forma de derrotá-lo, que já foi muito explorada, cortar as mangueiras que injetam o Veneno em seu cérebro. E por hoje é isso, querem ver algum personagem sendo analisado aqui, deixem suas sugestões nos comentários.


Referências

 LISE, M.L.Z. et al. O abuso de esteróides anabólico-androgênicos em atletismo. Rev Ass Med Brasil, Porto Alegre, v. 4, n. 45, p. 364-370, abr. 1999

MEGA MARTINS, Cristiane et al . Efeitos psicológicos do abuso de anabolizantes. Ciênc. cogn.,  Rio de Janeiro ,  v. 5, n. 1, p. 84-91, jul.  2005 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-58212005000200007&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  30  nov.  2020.

RIBEIRO, Paulo César Pinho. O uso indevido de substâncias: esteróides anabolizantes e energéticos: el uso indebido de sustancias: esteróides anabolizantes y energéticos. Adolescencia Latinoamericana, Belo Horizonte, v. 2, n. 71, p. 97-101, fev. 2001.

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